Carta ao Pai Natal

25 de dezembro de 2012


Nenhures, 22 de Dezembro de 2012

  Querido Pai Natal,
 
  Muitos meninos da minha escola me têm dito que não existes. No outro dia a Gabriela contou à minha professora de Língua Portuguesa, que na meia-noite do dia 24 para 25 de Dezembro do ano passado viu a mãe dela a pôr as prendas no presépio…e eu fiquei a pensar, se a mãe dela lhe põe as prendas, a minha também mas põe. Mas para tirar as minhas dúvidas cheguei a casa e fui ao pé da minha avó, porque a minha mãe ainda estava a trabalhar, o patrão dela é muito mau e só lhe dá a noite de Consoada e o dia de Natal de férias. Contei tudinho à minha avó, e sabes o que ela me disse? Sabes? Ela disse-me que tu existias, mas não ias a casa da Gabi porque ela se portava mal.
  Eu não acho que se porte mal, mas tu é que sabes, tu é que vês tudo. Olha, desde que me lembro de ser menina que me dizem que tu existes, não percebo porque é que agora vêm com histórias que foi a Coca-Cola que te inventou ou que são os pais que dão as prendas aos filhos. Fico muito indignada com essas histórias. É por isso que os meninos da minha idade não têm direito a prendinhas, como eu.
  Sabes o meu pai morreu quando eu tinha 5 anos, por isso eu ia ficar muito triste se não existisses. Tu e o Pai do Céu são as únicas “pessoas” a quem posso chamar de pai e eu sinto que vocês também me protegem e me mimam, tal e qual como ele fazia…Já viste se estes anos todos em que te escrevi cartas, fosse a minha mãe a lê-las? A minha infância era uma mentira!
  Bom, mas outra coisa que te quero contar, ontem fiz anos. A mãe e a avó deram-me um bolo enorme com o meu nome escrito. Fiz 10 anos, já viste como o tempo passou? A tua menina já está a ficar crescida eheheh.
  Agora vamos aos pedidos…porque o que é o Natal senão uma época de pedidos e de publicidades comerciais, não é? Mas agora falando a sério, o que eu te queria pedir é mito fácil, em primeiro lugar queria que lesses a minha carta, em segundo lugar queria que comesses e bebesses o leite e as bolachas que te vou deixar no sítio do costume e terceiro e último lugar queria pedir-te que existisses, mas de verdade.
  Adoro-te muito mesmo.
                       

                     Com amor…

…a tua menina que está a crescer…
Joana.
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